Após um bom tempo sob o massacre do cotidiano, aqui estamos, dando prosseguimento a nossa série de entrevistas conhecida como DEVER DE CASA. A bola da vez é a banda IRONBOUND, da cidade de Alagoinhas (BA), que apesar do pouco tempo de existência está trabalhando pesado para conquistar seu lugar ao sol. O quinteto formado por: Angello Júnior (Vc), André Fiscina (Bx), Raul Barreto (Bt), Kenion Nascimento (Gt) e Daniel Menezes (Gt), vem se destacando com seu Thrash/Crossover, tornando-se uma das maiores referências deste estilo no Estado.(fonte:ecosdaperiferia)
1 - Quando e como surgiu a ideia de formar a Ironbound?
Angello Júnior: A concepção da Ironbound ocorreu em meados do segundo semestre de 2010, quando a ideia ainda era de iniciar um projeto voltado à execução de covers de bandas de Thrash Metal, desde as mais clássicas e consagradas às mais obscuras. Entre 2003 e 2009 havíamos trabalhado com a Sick Life, banda cujo foco sempre foi o trabalho autoral; com o encerramento das atividades da Sick Life, concordamos que seria divertido investir em algo que nos proporcionasse uma liberdade maior para tocar músicas de bandas das quais sempre gostamos, sem que estivéssemos presos ao compromisso de compor com freqüência. No entanto, durante os últimos meses de 2010, enquanto tentávamos amadurecer a ideia do projeto de covers, continuamos a compor individualmente. Quando reunimos este material e avaliamos o seu conteúdo, sabíamos que não poderíamos descartá-lo, que deveríamos aproveitá-lo de alguma maneira. Então, em janeiro de 2011, quando entramos em estúdio pela primeira vez, já havíamos abandonado os planos de seguir como uma banda cover, e passamos a priorizar novamente o trabalho autoral.
Raul Barreto: Quando encerramos as atividades da Sick Life, achei até que nunca mais voltaria à tocar com banda; quase um ano se passou e Júnior apareceu em minha casa falando que queria retomar as atividades com um novo projeto, mas nada sério, só para preencher aquele vazio que ficou entre cada um. No fim das contas, eu, Júnior, Kenion e Renato, todos ex-integrantes da Sick Life, resolvemos fazer um som, tocando covers. Chegamos a ensaiar várias vezes, até que um dia Kenion fez uma composição e resolvemos trabalhar em cima daquilo; o resultado foi foda, e foi dessa composição que resultou a faixa-título do nosso primeiro EP. Foi aí que começamos a compor e dar continuidade ao trabalho, buscando criar uma identidade para a banda. Houve algumas mudanças de membros, como a chegada de André (também ex-Sick Life) no lugar de Renato, e a entrada de Daniel, resultando na atual formação da banda.
2 - Falem um pouco sobre a cena rocker de Alagoinhas?
André Fiscina: A cena aqui já foi bem mais forte, principalmente na década de 80, início dos 90, sempre com um ciclo de bandas e eventos aparecendo e sumindo. Desde o final dos 90 até o momento, venho acompanhando e eu vejo que houve muita produção na cidade, várias bandas surgiram, e nunca houveram duas bandas com a mesma proposta de sonoridade, sempre com influências e trabalhos diferentes entre si. Isso torna a coisa mais legal, porque tem espaço pra todos. Hoje em dia não sei bem quantas bandas estão em atividade, mais posso contar, além da Ironbound, a Nute, Inventura, Traquebomba, Sr. Mais Velho, Aborígines, e a mais nova banda em atividade é a Epidemic Terror, de Death Metal.
Raul: A cena da nossa cidade, infelizmente, não é das melhores, mas até que ultimamente tem rolado alguns eventos - do final do ano passado pra os dias atuais - e isso já é um grande avanço. Os eventos aqui são feitos na base do famoso “Do It Yourself”, porque se fosse para depender de programas culturais, patrocínios ou coisa do tipo, pode ter certeza que não sairíamos do zero. Então, sempre quando pode alguém junta uma grana, aluga espaço, equipamento de som, e reúne a galera pra fazer acontecer. O que está faltando mesmo é espaço para as bandas, um lugar em que pelo menos uma vez no mês elas se apresentem. Isso seria fundamental para atrair e ganhar mais público, motivando o surgimento de novas bandas e, consequentemente, ajudaria a cena a crescer.
André Fiscina: A cena aqui já foi bem mais forte, principalmente na década de 80, início dos 90, sempre com um ciclo de bandas e eventos aparecendo e sumindo. Desde o final dos 90 até o momento, venho acompanhando e eu vejo que houve muita produção na cidade, várias bandas surgiram, e nunca houveram duas bandas com a mesma proposta de sonoridade, sempre com influências e trabalhos diferentes entre si. Isso torna a coisa mais legal, porque tem espaço pra todos. Hoje em dia não sei bem quantas bandas estão em atividade, mais posso contar, além da Ironbound, a Nute, Inventura, Traquebomba, Sr. Mais Velho, Aborígines, e a mais nova banda em atividade é a Epidemic Terror, de Death Metal.
Raul: A cena da nossa cidade, infelizmente, não é das melhores, mas até que ultimamente tem rolado alguns eventos - do final do ano passado pra os dias atuais - e isso já é um grande avanço. Os eventos aqui são feitos na base do famoso “Do It Yourself”, porque se fosse para depender de programas culturais, patrocínios ou coisa do tipo, pode ter certeza que não sairíamos do zero. Então, sempre quando pode alguém junta uma grana, aluga espaço, equipamento de som, e reúne a galera pra fazer acontecer. O que está faltando mesmo é espaço para as bandas, um lugar em que pelo menos uma vez no mês elas se apresentem. Isso seria fundamental para atrair e ganhar mais público, motivando o surgimento de novas bandas e, consequentemente, ajudaria a cena a crescer.
3 - Logo no primeiro ano de formação vocês lançaram dois EPs, falem sobre esses trabalhos?
Júnior: O primeiro ano de atividades da Ironbound foi marcado principalmente por trabalho em estúdio, sobretudo ensaios e pré-produções. Era algo que havíamos planejado desde o início, uma vez que o objetivo era compor material próprio, aperfeiçoar o nível de execução desse material, e gravá-lo. Em Março de 2011 contávamos com algumas músicas finalizadas, e, principalmente, já nos sentíamos preparados para iniciar o processo de gravação do primeiro EP, que acabou sendo o “Máquina da Morte”. É um registro coeso e que cumpriu a sua função de apresentar a banda ao público, porque deixou bem clara a nossa proposta de combinar riffs e refrões. Tivemos uma excelente recepção por parte do público, que não somente baixou as músicas via internet, mas também nos enviou seu feedback através de mensagens de apoio. Com a boa repercussão deste primeiro material em blogs e redes sociais, resolvemos dar continuidade ao processo de gravação já em julho, que foi quando começamos as sessões de pré-produção para o EP “Unidos Pelo Ódio", o qual ao meu ver mantém intacta a nossa proposta, com o diferencial de ser mais abrangente, uma vez que o processo de composição das quatro faixas contou com a participação de toda a banda, a interação entre nós foi maior, e conseqüentemente a interação e a dinâmica entre as músicas também é mais intensa.
Júnior: O primeiro ano de atividades da Ironbound foi marcado principalmente por trabalho em estúdio, sobretudo ensaios e pré-produções. Era algo que havíamos planejado desde o início, uma vez que o objetivo era compor material próprio, aperfeiçoar o nível de execução desse material, e gravá-lo. Em Março de 2011 contávamos com algumas músicas finalizadas, e, principalmente, já nos sentíamos preparados para iniciar o processo de gravação do primeiro EP, que acabou sendo o “Máquina da Morte”. É um registro coeso e que cumpriu a sua função de apresentar a banda ao público, porque deixou bem clara a nossa proposta de combinar riffs e refrões. Tivemos uma excelente recepção por parte do público, que não somente baixou as músicas via internet, mas também nos enviou seu feedback através de mensagens de apoio. Com a boa repercussão deste primeiro material em blogs e redes sociais, resolvemos dar continuidade ao processo de gravação já em julho, que foi quando começamos as sessões de pré-produção para o EP “Unidos Pelo Ódio", o qual ao meu ver mantém intacta a nossa proposta, com o diferencial de ser mais abrangente, uma vez que o processo de composição das quatro faixas contou com a participação de toda a banda, a interação entre nós foi maior, e conseqüentemente a interação e a dinâmica entre as músicas também é mais intensa.
Júnior: O fato de optarmos por priorizar o Português como idioma de grande parte das nossas músicas, se por um lado permitiu maior liberdade e dinamicidade para expressar ideias, por outro exigiu maior rigor e cuidado tanto com a forma como colocaríamos as coisas, quanto com a escolha dos temas que abordaríamos. A minha ideia sempre foi de criar letras cujos temas pudessem interagir com a nossa música, e sendo a nossa música áspera, ríspida e em certo ponto violenta, era uma oportunidade de escancarar, de reescrever, à nossa maneira, alguns eventos marcantes ocorridos em função, principalmente, da política norte-americana, do imperialismo, que é um tema sobre o qual particularmente gosto de pesquisar. Para que o resultado pudesse ter uma base argumentativa mais sólida, sem no entanto deixar de soar direto e agressivo, recorri a alguns documentários nos quais estão baseadas boa parte das nossas letras, tendo sido alguns filmes do jornalista australiano John Pilger a base da pesquisa e criação.
5 - Como está sendo a relação da Ironbound com a internet como veículo de divulgação?
Júnior: A Internet tem sido a principal mídia através da qual divulgamos o nosso som. Em se tratando de custo/benefício, provavelmente tenha sido a mídia mais viável para bandas independentes nos últimos cinco anos, porque permite que você leve a música da tua banda a mais pessoas e a diferentes lugares através dos arquivos digitais. Temos trabalhado na divulgação do nosso material através das redes sociais, em comunidades e grupos específicos, e o resultado tem sido positivo. Sites como o Youtube, por exemplo, oferecem facilidade de acesso e interatividade. A grande quantidade de blogs, que hospedam desde e-zines a páginas pessoais, também têm ajudado bastante a difundir nosso trabalho, em muitos deles é bem fácil encontrar os dois EP’s para download.
Raul: Tem sido muito bom, superou até um pouco as minhas expectativas, tivemos muitos comentários positivos, inclusive alguns meses após o lançamento de “Máquina da Morte” fui fazer uma pesquisa no Google sobre a banda para ver se encontrava alguma coisa relacionada, e não sei como... o nosso EP estava em vários blogs, alguns gringos - da Rússia e na Espanha. Ficamos muito gratos, acho que não tinha nem dois meses de lançado, isso foi uma coisa que nos deixou muito felizes porque mesmo fazendo um som cantado em Português a galera lá curtiu. Sem falar também da matéria sobre a banda que saiu no respeitado site Whiplash, graças ao Christiano, dono do blog “Som Extremo” - aproveito para agradecer mais uma vez a ele pela matéria e pelo excelente trabalho.
Júnior: A Internet tem sido a principal mídia através da qual divulgamos o nosso som. Em se tratando de custo/benefício, provavelmente tenha sido a mídia mais viável para bandas independentes nos últimos cinco anos, porque permite que você leve a música da tua banda a mais pessoas e a diferentes lugares através dos arquivos digitais. Temos trabalhado na divulgação do nosso material através das redes sociais, em comunidades e grupos específicos, e o resultado tem sido positivo. Sites como o Youtube, por exemplo, oferecem facilidade de acesso e interatividade. A grande quantidade de blogs, que hospedam desde e-zines a páginas pessoais, também têm ajudado bastante a difundir nosso trabalho, em muitos deles é bem fácil encontrar os dois EP’s para download.
Raul: Tem sido muito bom, superou até um pouco as minhas expectativas, tivemos muitos comentários positivos, inclusive alguns meses após o lançamento de “Máquina da Morte” fui fazer uma pesquisa no Google sobre a banda para ver se encontrava alguma coisa relacionada, e não sei como... o nosso EP estava em vários blogs, alguns gringos - da Rússia e na Espanha. Ficamos muito gratos, acho que não tinha nem dois meses de lançado, isso foi uma coisa que nos deixou muito felizes porque mesmo fazendo um som cantado em Português a galera lá curtiu. Sem falar também da matéria sobre a banda que saiu no respeitado site Whiplash, graças ao Christiano, dono do blog “Som Extremo” - aproveito para agradecer mais uma vez a ele pela matéria e pelo excelente trabalho.
6 - A Ironbound se apresentou recentemente em cidades como Salvador e Simões Filho, como está sendo a recepção por parte do público? A relação com outras bandas? E como está sendo a experiência pra vocês?
Júnior: Foram passagens muito positivas em cada lugar nos quais tivemos a oportunidade de tocar. É gratificante e divertido poder apresentar o nosso trabalho em diferentes cidades do nosso estado. Cada evento é uma nova oportunidade de conhecer pessoas e fazer contatos importantes, e também de rever e dividir o palco/espaço com amigos e bandas parceiras. Em Salvador, tocamos em evento que contou com a Lei do Cão, e a isso graças aos parceiros da Sbórnia Social, que têm nos apoiado e com a qual tivemos a satisfação de tocar algumas vezes. Em Simões Filho, foram duas visitas até então, ambas bem-sucedidas, uma vez que contamos com o apoio do público – que participou e interagiu conosco nos shows – , dos nossos amigos da Brain In Flamese do pessoal da Crust Or Die (Blog e Distro). Também passamos por Esplanada, Pojuca e Santa Bárbara, e em todas as ocasiões pudemos agregar experiências positivas. Só temos a agradecer às pessoas que nos proporcionaram estar em cada um destes lugares, e às tantas que nos motivam a seguir em frente.
André: Foram dois shows brutais, pessoal se acabando no Mosh bem do jeito que a gente gosta de ver. Em Salvador foi um prazer dividir o palco com a Lei do Cão e a Sbórnia Social, e tomar aquele sol todo pra fazer o som para a galera. Queremos voltar sempre que possível pra revê-los e continuar a propagar o nosso som.
Júnior: Quando o trabalho é bem feito, apoiado e divulgado, a tendência é que acabe se destacando. O Heavy Metal em geral sobreviveu a um período negro, em que pequenos selos fecharam as portas, grandes gravadoras mudaram o foco das suas prioridades, e inúmeras bandas vieram a decretar o fim das suas atividades – muitas das que resistiram passaram a apresentar trabalhos pouco inspirados, algumas até redirecionando a proposta para estilos mais comerciais. Acredito que a reviravolta tenha ocorrido principalmente porque as bandas voltaram a fazer aquilo que sempre souberam fazer, voltaram a acreditar novamente em sua música, e apresentar material de qualidade novamente. Muitas bandas veteranas retomaram as atividades, outras tantas surgiram para somar forças e agregar credibilidade ao Thrash Metal. A consolidação dos arquivos digitais e sua disseminação também foi fundamental, acabando com a festa das gravadoras e permitindo maior independência às bandas, e desde então tem ajudado demais àquelas que sabem utilizar o mp3, por exemplo, como uma ferramenta poderosa no processo de divulgação.
André: Acho que essa evidência é normal, rolam esses ciclos na mídia rockeira, daqui a um tempo pode ser que ninguém mais queria saber de Thrash novamente! Tem muitas bandas novas resgatando o estilo, e outras que já existem desde quando o estilo estava em baixa e não deixaram a thrasheira morrer. Mas não somos desse lance de estar na tendência, em ir com a onda, a gente já escuta Thrash desde muito tempo, principalmente eu e Angello, correndo atrás de clássicos do estilo em sebos, antes de mp3 e coisas do tipo, então nada mais normal que o som que dá tesão da gente fazer seja Thrash/Crossover.
8 - Quais os planos para um futuro próximo?
Júnior: Recentemente iniciamos a gravação do nosso terceiro registro. O processo ainda está na fase inicial, mas desta vez pretendemos registrar um número maior de faixas, e algum material extra, como músicas extraídas de shows ou material áudio/visual. Por isso mesmo, precisaremos de um tempo maior para viabilizá-lo, e ainda não existe uma previsão de quando o disco estará finalizado. Queremos, também, disponibilizar camisas e patches da banda. E, é claro, continuar levando nosso som à lugares diferentes, através de shows.
André: Lembrando também que estaremos retornando à Esplanada, em 26 de maio. E que em breve teremos novos shows confirmados, é só ficar ligado, pois divulgaremos no Facebook, Orkut e Myspace!
Júnior: Recentemente iniciamos a gravação do nosso terceiro registro. O processo ainda está na fase inicial, mas desta vez pretendemos registrar um número maior de faixas, e algum material extra, como músicas extraídas de shows ou material áudio/visual. Por isso mesmo, precisaremos de um tempo maior para viabilizá-lo, e ainda não existe uma previsão de quando o disco estará finalizado. Queremos, também, disponibilizar camisas e patches da banda. E, é claro, continuar levando nosso som à lugares diferentes, através de shows.
André: Lembrando também que estaremos retornando à Esplanada, em 26 de maio. E que em breve teremos novos shows confirmados, é só ficar ligado, pois divulgaremos no Facebook, Orkut e Myspace!
9 - O Ecos da Periferia gostaria de agradecer a participação de vocês. Querem deixar suas considerações finais?
Júnior: Agradeço ao zine Ecos da Periferia pela oportunidade de falarmos um pouco sobre nosso trabalho. Parabéns, sigam firmes com a proposta de vocês! Meu muito obrigado também a todos que têm nos apoiado, tanto o público que vai aos shows e baixam nossas músicas, quanto às bandas parceiras. Keep on thrashin’!!
Raul: Valeu ao espaço que vocês concederam, valeu mesmo, são pessoas como vocês que fazem o cenário permanecer na ativa, continuem com esse trabalho do caralho que vocês fazem. Agradeço também a todos que sempre acreditaram e apoiaram a banda.
*Fotos: Divulgação / Quem é Doido? / Ecos da Periferia.
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Sessão do Descarrego:
EP - Máquina da Morte
EP - Unidos pelo Ódio
Nas Sociais:
Site: Trama Virtual
Comunidade: Orkut
Perfil: Facebook
E-mail: ironboundbr@hotmail.com
Um comentário:
Muito Bom!! Parabéns ai ao Ecos da Periferia Pelo trabalho!!!
Nosso dever é esse não deixar Morrer!
Quem é Doido? Vídeos e Ecos da periferia sempre Juntos!!
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