Por natureza, bateristas já são incontroláveis. Imagine dois instrumentistas dividindo “baterias siamêsas” – unidas por seu bumbo em comum. É mais ou menos por aí que você pode começar a conhecer os caras da banda Vendo147: Glauco Neves e Dimmy “O Demolidor” Drummer (bateria), Enio Nogueira e Bruno Balbi (guitarras) e Caio Parish (baixo).
Formado em Salvador, em 2009, o grupo tem como principal foco o rock instrumental, passando por diversas influências até chegar em sua sonoridade característica. Lançado em julho de 2011, Godofredo é seu primeiro álbum e está disponível para download no site oficial.
O disco dá uma boa ideia da pauleira por onde andam os caras do Vendo147.
Vingador, faixa que abre o CD, começa frenética em tempos quebrados que nos lembram Frank Zappa e Rush, alternando com frases melódicas e pausas para respirar e retomar o fôlego.
Já Macaco Azteca passeia com distorções que remetem ao stoner rock do Queens of the Stone Age até nos levar até um final tenso e urgente com cara de Jeff Beck nos solos do lendário Blow by Blow, de 1975.
O baterista Dimmy respondeu algumas pergutas do blog sobre o Vendo147:
Como nasceu o Vendo147?
O embrião da Vendo 147 surgiu em 2005 a partir de um projeto de Glauco Neves (um dos bateristas-clone), que queria gravar umas composições instrumentais de sua autoria. A banda mesmo teve início em 2009, onde, além de aproveitarmos algumas das músicas já gravadas, criamos um novo trabalho, uma identidade para o grupo que viabilizasse “uma carreira”.
O que as pessoas devem saber sobre vocês?
Bom, somos uma banda de música baiana instrumental, temos uma particularidade que é o clone drum, porém este não é o foco principal do trabalho… é apenas um dos elementos. Em nossa discografia consta um EP (com 4 músicas) e um disco chamado Godofredo (lançado em 2011). Atualmente estamos em fase de composição do segundo disco. A meta para este novo trabalho é que ele repita a repercussão do anterior e seja divulgado em todas as regiões do país, assim como o Godofredo.
Explique o clone drum. Como surgiu a ideia, qual foi a maior dificuldade no começo?
O clone drum (dois bateristas juntos numa mesma bateria, um de frente para o outro, dividindo o mesmo bumbo), foi sugestão minha (Dimmy), por causa da admiração que tenho pela banda The Monsters (Suíça). Eles foram a primeira banda que vi usar o clone drum e fiquei de cara! Desde então imaginei montar um trabalho com um clone. Quando ouvi as músicas que Glauco tinha gravado, percebi que poderíamos utilizar a ideia do clone drum. Tivemos dificuldade de entender como poderíamos criar batidas e levadas distintas um do outro. Ainda hoje, tocar no clone é um desafio… é um grande quebra-cabeças que gostamos de montar juntos.
Há um número considerável de bandas instrumentais no Brasil hoje. Mesmo assim é um segmento inexplorado. Como é “falar” com o público sem letra? O que muda no palco?
Creio que este é o grande desafio das bandas instrumentais na conquista de um grande público, porém, não é intransponível. Esse diálogo sem um front man, sem um vocalista, sem uma mensagem escrita, pode ser compensado com performances energéticas de todos os instrumentistas no palco, por exemplo. Com a gente, isso funciona e o retorno é bem legal. Por onde passamos tivemos o reconhecimento do público. Um exemplo do sucesso no alcance da massa é o Macaco Bong que, inclusive, foi convidada a abrir o show do System Of a down em SP. A banda tocou e foi ovacionada por 40 mil pessoas.
Ser independente no Brasil: o que é bom e o que é ruim?
Acreditamos que ser independente no Brasil é uma tendência e um caminho a ser seguido. Já estamos vendo isso acontecer com artistas que tem uma carreira bem consolidada, com anos de estrada, vários discos gravados, que optam por realizar os seus trabalhos de forma independente. Não pensamos muito em lado bom, nem em lado ruim. O que entendemos é que é o formato de auto-gestão é uma maneira segura do artista ter total controle e poder concretizar o seu trabalho.
O espaço Descoberta do Brasil tem uma missão simples: descobrir boas bandas independentes no País. Envie suas sugestões nos comentários ou pelo Twitter @josmi.
Por +Osmar Portilho
Fonte: Terra
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