Por: Flávio Rodrigues (Originalmente publicado no site Delfos)
Antônio Vivaldi foi um importante compositor e músico italiano do final do século XVII e início do XVIII, período denominado na arte como barroco tardio. Até hoje Vivaldão é lembrado como um dos grandes nomes da música erudita pelas suas óperas e concertos de extrema beleza e, dentre elas, a mais famosa e de maior destaque é, sem sombra de dúvidas, os concertos que formam “As Quatro Estações”. Quase trezentos anos depois da obra atemporal de Vivaldi, a banda baiana de Thrash Metal PANDORA retoma o tema com uma roupagem totalmente nova e pesada.
Apesar do nome, “Four Seasons”, álbum de estreia da banda, pouco pega emprestado do compositor italiano. Isso pode animar alguns que não queriam ouvir releituras da obra de Vivaldi, mas também pode frustrar outros, que esperavam uma maior mistura entre o peso do Thrash Metal e as peculiaridades da música erudita.
“Four Seasons” na verdade pode ser dividido em duas partes: a primeira conta com músicas que não se encaixam no conceito do álbum. Carecendo de criatividade e frescor, esta parte do álbum me deixou menos animado, mas pode agradar aos fãs de um Thrash mais direto, com os clássicos elementos do estilo. Afinal, não se pode dizer que faixas como “Death of a Friend” e “Pandora” são ruins, de forma alguma, mas não chegam a empolgar.
A banda ainda se arrisca em um cover de uma banda que nada tem a ver com Thrash: o Twisted Sister. A faixa escolhida, “Destroyer”, ganhou uma cara bem mais pesada e muito mais agressiva, mas mostra que a banda não bebe somente dos elementos clássicos do Thrash e, talvez por isso, flertam com sonoridades menos características do estilo, e se saem muito bem nestes momentos.
Agora se você, assim como eu, se decepcionar com este começo, lembre-se que a PANDORA deixou a esperança no fundo da caixa e espere pela segunda metade. Esta parte começa com um prelúdio e segue com “Four Seasons”, “Spring of Creation”, “Autumn of Decadence”, “Summer of War”, “Nuclear Winter” e termina com “Epitaph”, que mostra a banda explorando mais elementos e com uma maturidade musical mais consistente, que garantiu praticamente todos os Alfredos ao álbum. E sim, eles inverteram as estações do ano, provavelmente por uma escolha simplesmente musical.
Aliás, entre a faixa “Springs of Creation” e “Autumn of Decadence”, é possível ouvir um barulho como se alguém estivesse mexendo em um rádio antigo. Não sei se a intenção era fazer um trocadilho com a “mudança de estação”, mas, se foi, eu entendi a piada. Rá!
Mesmo sem a referência direta à obra de Vivaldi, a segunda parte do CD explora alguns elementos eruditos, como a adição do piano, sons limpos e melodias mais elaboradas, sem perder a agressividade. A mistura pode não ser lá tão inventiva e original, e em alguns momentos não funciona tão bem quanto a banda provavelmente planejava, mas ao mesmo tempo entrega os pontos de maior diferencial e interesse do trabalho e ótimos momentos. Um exemplo é a faixa “Nuclear Winter”, que me agradou logo de cara e cujo clipe está aí embaixo.
A banda é formada por Bruno Leal no vocal e guitarra, Rômulo Lebre na guitarra, Marcos Cazé no baixo e Louis na bateria. Tecnicamente, eles se seguram bem, sem nenhum destaque especial ou membro de grande virtuosidade, mas no conjunto cada um faz bem sua parte. As guitarras gêmeas estão presentes e a instrumentação é eficaz e competente, mostrando um flerte em diversos momentos com o Heavy Metal Tradicional. Tenho que confessar que a banda me agrada mais nesses momentos. Vale um destaque especial também à bela arte da capa do álbum, feita pelo artista Marcelo Almeida, que você confere ilustrando esta resenha.
Se você é fã de Thrash e está procurando algo para ouvir, “Four Seasons” pode ser uma boa indicação. Apesar de não apresentar grandes surpresas ou inventividade em suas composições, a banda é competente e cumpre o que se compromete a fazer. Se você não esperar a genialidade de um Vivaldi, pode até gostar.
Depois de tantos anos de aquecimento global, parece que as estações do ano já não são as mesmas da época do barroco, mas quem se arriscar a abrir a caixa de PANDORA não encontrará desta vez somente coisas ruins. Seja qual for a estação que você estiver, você pode encontrar aqui boas trilhas para o frio do inverno e para o calor do verão.
CURIOSIDADES
- Caso você não saiba qual é a obra de Vivaldi, aí vai o concerto mais famoso das suas Quatro Estações, o primeiro movimento da Primavera. Você com certeza o conhece:
-Eu escolhi resenhar este álbum por dois motivos: o primeiro é a referência à obra de Vivaldi, e o segundo porque eu tive em minha infância uma querida cadelinha chamada Pandora.
-Na minha primeira pesquisa sobre a banda eu encontrei apenas informações sobre uma banda PANDORA mexicana, formada por três mulheres. Confesso que fiquei um pouco decepcionado quando descobri que ia resenhar uma banda baiana que só tinha machos peludos.
Apesar do nome, “Four Seasons”, álbum de estreia da banda, pouco pega emprestado do compositor italiano. Isso pode animar alguns que não queriam ouvir releituras da obra de Vivaldi, mas também pode frustrar outros, que esperavam uma maior mistura entre o peso do Thrash Metal e as peculiaridades da música erudita.
“Four Seasons” na verdade pode ser dividido em duas partes: a primeira conta com músicas que não se encaixam no conceito do álbum. Carecendo de criatividade e frescor, esta parte do álbum me deixou menos animado, mas pode agradar aos fãs de um Thrash mais direto, com os clássicos elementos do estilo. Afinal, não se pode dizer que faixas como “Death of a Friend” e “Pandora” são ruins, de forma alguma, mas não chegam a empolgar.
A banda ainda se arrisca em um cover de uma banda que nada tem a ver com Thrash: o Twisted Sister. A faixa escolhida, “Destroyer”, ganhou uma cara bem mais pesada e muito mais agressiva, mas mostra que a banda não bebe somente dos elementos clássicos do Thrash e, talvez por isso, flertam com sonoridades menos características do estilo, e se saem muito bem nestes momentos.
Agora se você, assim como eu, se decepcionar com este começo, lembre-se que a PANDORA deixou a esperança no fundo da caixa e espere pela segunda metade. Esta parte começa com um prelúdio e segue com “Four Seasons”, “Spring of Creation”, “Autumn of Decadence”, “Summer of War”, “Nuclear Winter” e termina com “Epitaph”, que mostra a banda explorando mais elementos e com uma maturidade musical mais consistente, que garantiu praticamente todos os Alfredos ao álbum. E sim, eles inverteram as estações do ano, provavelmente por uma escolha simplesmente musical.
Aliás, entre a faixa “Springs of Creation” e “Autumn of Decadence”, é possível ouvir um barulho como se alguém estivesse mexendo em um rádio antigo. Não sei se a intenção era fazer um trocadilho com a “mudança de estação”, mas, se foi, eu entendi a piada. Rá!
Mesmo sem a referência direta à obra de Vivaldi, a segunda parte do CD explora alguns elementos eruditos, como a adição do piano, sons limpos e melodias mais elaboradas, sem perder a agressividade. A mistura pode não ser lá tão inventiva e original, e em alguns momentos não funciona tão bem quanto a banda provavelmente planejava, mas ao mesmo tempo entrega os pontos de maior diferencial e interesse do trabalho e ótimos momentos. Um exemplo é a faixa “Nuclear Winter”, que me agradou logo de cara e cujo clipe está aí embaixo.
A banda é formada por Bruno Leal no vocal e guitarra, Rômulo Lebre na guitarra, Marcos Cazé no baixo e Louis na bateria. Tecnicamente, eles se seguram bem, sem nenhum destaque especial ou membro de grande virtuosidade, mas no conjunto cada um faz bem sua parte. As guitarras gêmeas estão presentes e a instrumentação é eficaz e competente, mostrando um flerte em diversos momentos com o Heavy Metal Tradicional. Tenho que confessar que a banda me agrada mais nesses momentos. Vale um destaque especial também à bela arte da capa do álbum, feita pelo artista Marcelo Almeida, que você confere ilustrando esta resenha.
Se você é fã de Thrash e está procurando algo para ouvir, “Four Seasons” pode ser uma boa indicação. Apesar de não apresentar grandes surpresas ou inventividade em suas composições, a banda é competente e cumpre o que se compromete a fazer. Se você não esperar a genialidade de um Vivaldi, pode até gostar.
Depois de tantos anos de aquecimento global, parece que as estações do ano já não são as mesmas da época do barroco, mas quem se arriscar a abrir a caixa de PANDORA não encontrará desta vez somente coisas ruins. Seja qual for a estação que você estiver, você pode encontrar aqui boas trilhas para o frio do inverno e para o calor do verão.
CURIOSIDADES
- Caso você não saiba qual é a obra de Vivaldi, aí vai o concerto mais famoso das suas Quatro Estações, o primeiro movimento da Primavera. Você com certeza o conhece:
-Eu escolhi resenhar este álbum por dois motivos: o primeiro é a referência à obra de Vivaldi, e o segundo porque eu tive em minha infância uma querida cadelinha chamada Pandora.
-Na minha primeira pesquisa sobre a banda eu encontrei apenas informações sobre uma banda PANDORA mexicana, formada por três mulheres. Confesso que fiquei um pouco decepcionado quando descobri que ia resenhar uma banda baiana que só tinha machos peludos.
Banda: Pandora
Origem: Salvador\Bahia
Gênero: Thrash Metal
Álbum: Four Seasons
Ano: 2013
Links:
Facebook
Myspace
Formação:
Bruno Leal (vocal/guitarra)
Rômulo Lebre (guitarra)
Marcos Cazé (baixo)
Louis (bateria)
Tracks:
Tracklist:
01. Liar
02. Out of Earth
03. Death of a Friend
04. Destroyer
05. Pandora
06. Prelude
07. Four Seasons
08. Springs of Creations
09. Autumn of Decadence
10. Summer of War
11. Nuclear Winter
12. Epitaph
Origem: Salvador\Bahia
Gênero: Thrash Metal
Álbum: Four Seasons
Ano: 2013
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Formação:
Bruno Leal (vocal/guitarra)
Rômulo Lebre (guitarra)
Marcos Cazé (baixo)
Louis (bateria)
Tracks:
Tracklist:
01. Liar
02. Out of Earth
03. Death of a Friend
04. Destroyer
05. Pandora
06. Prelude
07. Four Seasons
08. Springs of Creations
09. Autumn of Decadence
10. Summer of War
11. Nuclear Winter
12. Epitaph
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