Entrevista com Igor Andrade guitarrista da banda Instrumental Peito de Planta formada em Salvador em 2009, a Peito de Planta transformou-se em um grupo de música instrumental, mesclando temas de rock psicodélico, funk, reggae, blues e até mesmo brega. A banda é formada por Igor Andrade (guitarra) e Matheus Spiller (bateria), Bruno Veronez (baixo) e Enzo Marques (bongô). A entrevista foi concedida a Zé Felipe de Sá (Guitarrista da Hessel e colaborador do Bahia Rock Machine) Vamos lá !!
Pergunta de praxe: por quê "Peito de Planta"?
Igor Andrade_Não possui uma lógica na criação desse nome. Eu e Matheus (baterista) bebíamos em uma barraquinha e através de uma brincadeira com a fonética surgiu esse nome. Mas também podemos imaginar algo como belos seios da natureza que amamentam o planeta Terra em meio a um turbilhão destruindo tudo.
2. Conte um pouco sobre o passado musical dos integrantes da Peito de Planta.
Igor Andrade_Eu já toquei em algumas bandas do “novo metal" que surgia lá pros meados de 2000 (com muito atraso) e que sofria muito preconceito, sendo que nos dias atuais elas (exemplos como Fear Factory, Machine Head, etc) se enquadram nas melhores bandas de metal do mundo. Toquei na Terminal (que durou pouquíssimo tempo) e a C.O.D.E (Conditions On Destruction Empite) que para mim foi a melhor banda que pude formar e tocar.
Matheus Spiller já foi guitarrista e vocalista da banda Cartase, que por sinal era muito boa, na cena alternativa de Salvador.
Bruno Veronez, quando morava em São Paulo em sua adolescência perdida, teve uma banda de rock com amigos. Depois de muitos anos tocou por um tempo como baixista em uma banda cover do Black Sabbath em Salvador, a Jaqueta de Dama.
Enzo Marques nunca tocou nenhum instrumento musical. É fanático por The Doors e Raul Seixas, engenheiro e professor. Sempre foi nosso amigo e caiu como uma luva na percussão da Peito de Planta.
3. Vocês tem uma currículo bem variado em relação à shows: já tocaram na rua (Largo de Santana, vulgo Dinha); restaurantes no Rio Vermelho; bares na Pituba e em eventos estudantis no campus da UFBA. É importante essa atitude pé-no-chão em relação à shows?
Igor Andrade_Olha, na realidade buscávamos tocar em qualquer lugar que tivesse como ligar os amplificadores e por a bateria, já que não temos vocalista, fica muito mais fácil se entranhar em certos locais. O primeiro show da Peito foi na reabertura da Casa da Música na Lagoa do Abaeté e foi fantástico! Na época era apenas guitarra e bateria, metemos um projetor com o filme Cães de aluguel e tocamos. Mas nunca fizemos de qualquer jeito, “na tora”, pois o público tem que pelo menos escutar a proposta da banda.
Nossa idéia é simplesmente fazer música que proporcione alguma diversão, tanto nossa quanto do público.
4. Vocês fizeram parte da primeira noite instrumental na história do Festival Big Bands, em 2011. Como foi a repercussão desse evento pra vocês?
Igor Andrade_Foi péssima. Na época Matheus (baterista) estava com o braço fraturado, decidimos tocar mesmo assim com um amigo na bateria. Poucos ensaios, falta de ajuste no som e alguns problemas técnicos deixaram a nossa apresentação perdida. Foi um apena pois é um festival de grande respeito que sempre desejamos participar. Fica para a próxima.
5. Uma coisa que distingue a discografia da Peito de Planta de 99% das bandas baianas é esse lançamento constante de EPs com as suas jams. De onde saiu essa ideia?
Igor Andrade_Saíram simplesmente da idéia de não funcionar como uma espécie de segundo trabalho em nossas vidas. Passamos a não mais construir introduções, partes, refrões. Começamos a perceber que o intuitivo musical era algo muito mais prazeroso nos ensaios e nos shows. Começamos a registrar de qualquer forma e lançar. É como uma espécie de volta aos tempos onde a tecnologia não era fácil de se obter, tão pouco pagar uma gravação, ter bons instrumentos, dentre outras tantas facilidades dos tempo atuais. Não possuímos nenhum estudo musical amplo, apenas o básico e autodidata, criamos uns pedaços e saímos tocando.
Mas agora em 2013, vem muita coisa nova por aí, é só esperar a maré baixar aiuhaiuahaiua!
6. Vocês fizeram um clipe para a música "Joule" num esquema "simples mas eficiente". Como foi a produção desse clipe?
Igor Andrade_Fernando Araújo era conhecido de Bruno (baixista) e se interessou em gravar algo nosso no estúdio e pronto. Mas na realidade, ainda pretendo desenvolver diversos vídeos experimentais embalados pelo nosso som.
7. Você tem vários projetos musicais paralelos, não?
Igor Andrade_Hoje em dia não mais. Não tenho tempo por agora mas devo retomar as produções da banda FLOR a qual participo com Matheus na bateria também.
8. Além do som semi-improvisado da banda, uma outra característica marcante da Peito de Planta é essa irreverência escrota de vocês.
Igor Andrade_A gente é assim simples mesmo. A banda é formada por amigos das antigas e não nos preocupamos com nenhum estética visual. Acordamos e do mesmo jeito vamos aos ensaios, aos shows e por aí vai.
9. Atualmente você agora está morando em São Paulo. Como ficou a Peito de Planta nessa história?
Igor Andrade_A banda deu um tempo no melhor momento. Infelizmente minha vida de designer gráfico não estava rendendo muito financeiramente em Salvador. Recebi um convite e acabei vindo morar e trabalhar em São Paulo. Estou me estruturando mais e pretendo passar mais em Salvador, ensaiar e gravar algo com os caras da banda. Comprei alguns apetrechos tecnológicos que irão facilitar muito as nossas vidas. Pensei em algo virtual, eu gravo aqui e mando pra aí e vice versa, mas nossas vidas não permitem isso e temos outros objetivos de vida. A Peito de Planta sempre será a nossa maior diversão e a nossa maior amizade.
10. Mande o seu recado pros leitores do Bahia Rock Machine.
Igor Andrade_Não vendam seus instrumentos, não parem de tocar mesmo que de vez enquando. A maior derrota que vejo é um monte de gente velha se lamentando ou vivendo dos prazeres do passado.
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