Criado há quase 20 anos na BA, grupo tem como fãs Lobão e Nando Reis.
Banda se tornou referência no cenário do rock, influenciando novos artistas
Na ativa desde 1992, a banda Cascadura – antes denominada Dr. Cascadura – é fruto das ideias e ações de Fábio Magalhães (vocalista e guitarrista), mais conhecido como Fábio Cascadura. Ao longo de duas décadas, Fábio vem liderando a banda, que se consolidou como uma das mais bem sucedidas na cena nacional, com cinco álbuns lançados, sendo o mais recente o duplo “Aleluia”. Entre a lista de fãs da banda estão artistas como Lobão e Nando Reis, além da conterrânea Pitty.
(Até sexta-feira (13), Dia Mundial do Rock, o G1 faz uma série de reportagens sobre o rock baiano e suas influências no cenário nacional )
Fábio conta que o rock entrou em sua vida quando ainda tinha 12 anos. "Ficava fuçando os discos de meus irmãos, e um dia achei uma fita cassete sem identificação. Botei para tocar, e a música que saiu me pegou de um jeito muito forte. A fita tinha sucessos dos Beatles nos dois lados’, relembra. Depois disso, o menino Fábio entrou por um caminho sem volta. ‘Um colega de escola me disse que o irmão dele tinha os discos dos Beatles, e também me mostrou outros grupos, como Led Zeppelin, Pink Floyd, Rita Lee, etc".
A transição de apenas apreciador para membro de uma banda de rock não demorou muito. "Quando comecei a entender como funcionava a coisa, passei a fantasiar a ter uma banda. Pintou a vontade de aprender um instrumento, ganhei um violão e fui procurando outras pessoas na escola que tocassem’, conta. "Com 17 anos, formei uma banda com um amigo da escola – se chamava Corja. Mais tarde, organizei uma mostra de som, mas ninguém se inscreveu. Então chamei Rex e Joe (que depois seriam membros da banda The Dead Billies) e montamos Os Feios, isso em 1988 ou 1989. Depois de formado, fui trabalhar e larguei a música. Fui trabalhar no polo petroquímico, mas senti um vazio imenso, comecei a ficar angustiado, então decidi: 'vou montar uma banda, nem que seja de brincadeira'. Liguei para Joe e foi quando montei o Cascadura. Na época, a gente fazia um som anos 60".
Quando fizemos o Bogary, a ideia era gravar um disco para encerrar a banda, só que o disco crescia cada vez mais, e ganhamos fôlego com ele", diz Fábio Cascadura
Fábio diz que após assistir a um show da Úteros em Fúria (primeira banda local a ganhar destaque nos anos 90), suas concepções de como a Cascadura deveria soar mudaram. Com um som e visual que remetia à década de 70, embalados por Lynyrd Skynyrd e Rolling Stones, a banda ganhou o público de Salvador e o produtor Nestor Madrid, que levou o grupo para gravar o primeiro e segundo álbuns, respectivamente intitulados de ‘#1’ e ‘Entre’. Para o terceiro trabalho, Fábio rompeu com a estética e sonoridade setentista.
"Eu senti que poderíamos ampliar nosso leque. Tem até uma história engraçada: quando convidei Thiago (Thiago Trad, baterista) para a banda, ele contou aos amigos que ia entrar no Cascadura, que ia deixar o cabelo crescer, mandar fazer umas calças boca de sino, mas quando fizemos a primeira reunião, eu disse que a ideia era fazer uma coisa nova e tal, e ele ficou meio, 'pô, cortou minha onda', (risos). Naquela época, estávamos ouvindo muito o que estava acontecendo naquele momento", explica o músico.
A mudança no direcionamento musical da banda ocorreu no álbum "Vivendo em Grande Estilo", de 2004, mas o grande sucesso veio com o CD "Bogary", de 2006. "Acho o Bogary um disco chave. Ele acabou sendo um escudo, foi muito bem aceito. Ele foi feito em 20 dias. Quando fizemos o Bogary, a ideia era gravar um disco para encerrar a banda, só que o disco crescia cada vez mais, e ganhamos fôlego com ele", revela.
No ano do vigésimo aniversário da Cascadura, a banda liberou via download gratuito o novo álbum, "Aleluia", um disco duplo. ‘O Aleluia levou dois anos para ser feito. Foi uma proposta ambiciosa que aos poucos vai assumir o lugar no coração das pessoas", aposta Fábio. A versão física do álbum deve sair entre agosto e setembro, através do selo soteropolitano Garimpo Música, e a partir daí, a banda cai na estrada. "Tem rolado convites. No segundo semestre devem rolar umas turnês", adianta.
Do alto de seus mais de 20 anos de carreira, além de profundo conhecedor do Rock n’ Roll, Fábio avalia a própria trajetória e se diz satisfeito. "Sou extremamente realizado, porque tenho o que queria, que é reconhecimento. Tive a alegria de ter parceiros que admiro muito. Para mim é um prêmio muito grande, sou muito feliz por isso’. Ele ainda aproveita a data comemorativa e envia uma mensagem aos rockers de todo o Brasil: "Não tenha preconceitos. O rock nasce para quebrar amarras, superar uma série de restrições sociais. A cultura branca se mescla com a cultura negra. A premissa básica do rock é não ter preconceitos’.