terça-feira, 22 de maio de 2012

Gozo de Lebre: Mandam a Caretice Universitária às favelas para fazer rock...



O rock baiano é um bicho estranho, que vive de ciclos de mais ou menos uma década cada – e todos com pouca ou nenhuma ligação com o ciclo anterior. É o princípio do “voo da da galinha”, como preconizado pelo artista visual e blogueiroMiguel Cordeiro (Koyotes).


Hoje vemos uma cena mais fragmentada do que nunca, que parece (com raras exceções, claro) se contentar em viver à sombra de um certo quarteto de barbudos cariocas.



Diante desse cenário desolador, esta coluna tenta dar visibilidade à todos, mas fica alegre mesmo é quando descobre as “exceções à regra”, aquelas bandas que não estão nem aí pra Caetano, Novos Baianos ou Los Hermanos.



Pois aqui está a Gozo de Lebre (em foto de Marina Muniz): quatro jovens caras de pau passando batidos pela caretice universitária (cheirando a um abominável sentimento de culpa pequeno burguês) que ora assola o rock local.



Tava com saudade do espírito adolescente do rock ‘n’ roll, do descompromisso, da revolta juvenil, do senso de perigo que caracteriza (e legitima) o rock em seu nascedouro? Achou.



Enrique Araújo (bateria), Mateus Prates (vocais), Thiago Schindler (guitarra) e Daniel Souza (baixo) formaram a Gozo de Lebre apenas ano passado, mas já tem o CD Até Umas Hora (sem concordância, mesmo) com 12 músicas gravadas (sabe-se lá como, mas dane-se) e um clipe divertidíssimo dirigido pelo decano do vídeo roqueiro local, Alexandre Xanxa Guena, a quem cabe o mérito de ter descoberto o bando de proscritos.



Matinê de rock ‘n’ roll



Para sentir o drama, basta citar os títulos das faixas: Bebendo no Além, NicotinaComo Eu Vou BeberVodkaMeu Bom e Velho Rock ‘n’ Roll.



A do clipe chama Barulho e a letra só poderia ter sido escrita por um adolescente: “O meu irmão me manda calar a boca / minha mamãe já tá ficando louca / Mas o meu rock eu não paro, não / disso eu não abro mão”.



Enrique, baterista, conta que conheceu Mateus, o cantor, na escola. Daí é mais ou menos a mesma coisa que acontece com todas as bandas: outros amigos vão chegando, aprendendo a tocar seus instrumentos e quando vê, o estrago  está feito.



A forma como esses meninos descobriram o rock é que é bem típica desta época: “Eu jogava muitoTony Hawk (game de skate). Nele eu conheci Motorhead e a identificação foi total. A partir daí fui pesquisando e conhecendo outras bandas: AC/DC, Ramones etc. Isso com oito ou sete anos de idade”, conta Enrique.



A história de como eles toparam com Xanxa é outra pérola: “A gente tava tomando cerveja num barzinho aqui no Canela e um cara com pinta de muito doido veio falar com a gente: ‘Vocês tocam em uma banda?’ Ele falou que fez um curta, mas na hora não botamos fé. Depois pesquisamos e vimos que ele era conhecido”, relata.



Sábado tem show – em matinê. Mais jovem, impossível.



Impacto Music Rock, com Ofel (SP), Gozo de Lebre, Absolut e outras / sábado, 13 horas (matinê) / Dubliner’s Irish pub (Rio vermelho) / R$ 10

(fonte: rockloco)

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