A Scambo é, definitivamente, um caso à parte no rock baiano. Diabos, na música baiana como um todo.
Formada em 2000, não demorou em formar público – mas público de verdade, mesmo, que lotava todos os shows –, apoiada na figura carismática do vocalista Pedro Pondé e no estilo brasileiríssimo do rock por eles praticado.
Em 2006, contudo, a banda acabou, após um rumoroso quebra-pau público nas redes sociais da vida.
Já dizia o poeta que o tempo cura tudo. Ninguém se espantou, portanto, quando a Scambo anunciou sua volta no final de 2010.
Agora, finalmente, eles soltam seu primeiro CD dessa “fase 2”: Flare.
O título tem múltiplos significados, mas no caso da Scambo é um reflexo que ocorre em lentes fotográficas e astronômicas.
O disco foi gravado ao vivo no estúdio, de forma acústica, com Pedro, Graco (violões de cordas de nylon), Xandão (baixo) e o convidado Thiago Trad (bateria, tocada com escovinhas).
“A gente tinha umas músicas que desde o principio tinha mais cara de violão do que de guitarra”, conta Pedro.
“Pensamos em gravar desse jeito. ‘Vamos tocar violão e fazer um registro delas, só para que não se percam’. Aí fomos para uma casa em Busca-Vida e conversamos muito sobre arranjo, sobre letra. Foi a primeira vez que fizemos isso, foi legal demais”, relata.
Animados, resolveram reproduzir o clima praieiro de Busca-Vida no estúdio.
“Chamamos (o produtor) Tiago Ribeiro, que tem um estúdio profissional em casa e transpomos o trabalho para lá. Chamamos Thiago Trad, que é amigo de Graco de longa data, justamente para não perder o clima de galera”, conta.
“Aí, para conseguir imprimir na gravação esse clima, íamos ter que gravar ao vivo, o que significa segurar a onda do perfeccionismo. Por que a verdade é que somos três perfeccionistas”, admite Pedro.
O resultado está em Flare, um belo testemunho de despretensão e musicalidade apurada do grupo.
”A gente nem botou muita fé, só pensamos no registro mesmo. Nunca pensamos em fazer um puta trabalho. Quase não saiu”, jura o rapaz.
Mesmo assim, em meros quatro dias no ar, “já tinha uns sete mil downloads”, contabiliza.
O show de lançamento, no dia 16 de agosto, foi para um Teatro Vila Velha completamente lotado.
“Teve gente que teve que ir pra casa, por que esgotou. E foi dois dias depois que botamos o CD no ar, mas já tinha gente cantando as músicas. Foi uma surpresa pra gente”, conta.
O CD também estava a venda, mas o freguês podia pagar o quanto quiser. Podia até pendurar: “Ninguém vai deixar de ouvir nosso CD. Pode pegar até fiado, paga quando puder”.
As lições do passado foram aprendidas e agora, a banda vive um dia de cada vez: “O que considerávamos defeito um dos outros, não era defeito. Por que se eu monto uma banda só minha ou só de Graco ou de Xandão, não ia dar certo. O que faz a Scambo são essas diferenças e afinidades. Tudo isso continua existindo, mas hoje nos respeitamos e nos conhecemos muito mais. Tudo isso é fundamental para o trabalho. E o trabalho está acima de nós três”, conclui.
O CD de retorno da Scambo é uma boa pista do caminho que eles devem seguir de agora em diante: despojamento, coração aberto, vocais delicados e bem arranjados. Tudo gravado em “take 1”, sem retoques e com toda a honestidade. Um belo disco, sim senhor.
Fonte: Rock Loko
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